JOGO DA MEMÓRIA – TEORIA E PRÁTICA
O artigo abordará a eficácia da realização do jogo da memória nas aulas, expondo como o jogo atua no desenvolvimento das funções executivas.
Os jogos melhoram as funções executivas, proporcionando
habilidades para executar as tarefas de rotina e incrementando a busca pelo aprendizado.
O treino de funções cognitivas, conativas e executivas é,
quanto a nós, uma das chaves do sucesso escolar e do sucesso na vida, quanto
mais precocemente for implementada, mais facilidade tende a emergir nas
aprendizagens subsequentes.( FONSECA, 2014, p.241)
Os jogos são um excelente recurso
pedagógico e estão cada vez mais sendo utilizados nas aulas.
Com a finalidade de promover engajamento e aprendizado de
forma prazerosa e eficiente, a mecânica dos jogos são usadas nas aulas, na
forma de adaptação de jogos existentes ou criação de jogos para ensinar
determinado conhecimento.
De acordo com Kishimoto
( 2011,p.17) a expansão dos jogos na área da educação dar-se-á no início do
século XIX, estimulada pelo crescimento
da rede de ensino infantil e pela discussão sobre as relações entre o jogo e a
educação.
JOGOS DA MEMÓRIA - ESTIMULAÇÃO COGNITIVA
O jogo da memória é um jogo que potencializa a
estimulação cognitiva.
As atividades de estimulação cognitiva são atividades que
visam preservar ou melhorar o desempenho das principais habilidades cognitivas:
a memória, atenção, linguagem, raciocínio, e percepção.
As habilidades cognitivas compõem as funções executivas,
que nos permite realizar as tarefas do nosso cotidiano, controlando nossos
pensamentos, regulando emoções, permitindo-nos focar em determinados assuntos e
selecionar e também armazenar informações.
COSENZA e GUERRA (2011, p.87) definem as funções
executivas como o conjunto de habilidades e capacidades que nos permitem
executar as ações necessárias para atingir um objetivo.
As funções executivas coordenam e integram o espectro da
tríade neurofuncional da aprendizagem, onde estão conectadas com as funções cognitivas
e conativas. ( FONSECA, 2014, p.244)
O jogo da memória estimula a memória, porque o aluno
precisa memorizar onde está a carta e também lembrar-se das regras do jogo.
A existência de regras em todos os jogos é
uma característica marcante. ( KISHIMOTO, 2011, p.14)
Para aperfeiçoar e garantir a eficácia da memória o aluno
deve dispensar de grande atenção e percepção durante o jogo.
A atenção é desenvolvida no momento em que o aluno concentrar-se
no jogo e dispensa as outras informações do ambiente. Todo jogo tem sua
existência em um tempo e espaço. ( KISHIMOTO, 2011, p.4)
A percepção é definida como capacidade de perceber o mundo
a o redor através dos sentidos, captando e processando informações, é a habilidade
de que nos permite interpretar os estímulos captados pelos órgãos sensoriais.
Os órgãos sensoriais são pele, língua, olhos, nariz e
ouvido são responsáveis, respectivamente, pelos sentidos sensoriais tato,
paladar, visão, olfato e audição.
A percepção , durante o jogo da memória, é desenvolvida também
quando o aluno capta e processa as informações do jogo, ouvindo, vendo ou
sentido.
A linguagem é conceituada
como habilidade de se comunicar e pode ser verbal e não-verbal. Na linguagem verbal
a comunicação é feita através do uso, organização e combinação das palavras, já
a linguagem não-verbal utiliza a linguagem corporal, os gestos, sinais e imagens
para transmitir ideias e sentimentos.
A linguagem é ampliada e aperfeiçoada durante todo o jogo
da memória, pois o aluno comunica-se ao questionar sobre as regras, explicar as
regras, dizer que fez o par e também ao justificar a lógica da formação do par,
desenvolvendo o raciocínio e a percepção tanto visual quanto auditiva.
O jogo da memória também aperfeiçoa as três categorias da
função executiva: o autocontrole, memória de trabalho e a flexibilidade
cognitiva.
COSENZA e GUERRA (2011, p.45) uma função importante da
atenção executiva é que ela está relacionada aos mecanismos de autorregulação,
ou seja, com a capacidade de articular o comportamento conforme as demandas
cognitivas, emocionais e sociais de uma determinada situação.
Ainda de acordo com COSENZA e GUERRA (2011, p.45) a
atenção executiva é importante para o bom funcionamento da aprendizagem
consciente.
O autocontrole ou controle inibitório é trabalhado durante
o jogo da memória quando o aluno precisa esperar sua vez de participar e também
quando se contem para não falar onde está a carta de determinado par, a fim de
adquirir aquelas cartas, agindo com mais atenção e menos impulsividade.
A ação do jogador dependerá, sempre, de fatores internos,
de motivações pessoais bem como de estímulos externos, como a conduta de outros
parceiros. ( KISHIMOTO, 2011, p.5)
Durante o jogo da memória, a memória de trabalho é
estimulada ao estabelecer a relação entre as cartas e ao armazenar as
informações necessárias para jogar.
A flexibilidade cognitiva é a habilidade que o nosso cérebro
tem de se adaptar, se modular a novos acontecimentos, criar estratégias ou
pensar em algo novo.
A flexibilidade cognitiva é aprimorada quando o aluno se
adapta as mudanças como alterar ou acrescentar as regras do jogo.
Conforme Fonseca (2014, p.248) as funções executivas são
funções transversais de qualquer tipo de aprendizagem, compreendem funções de autocontrole
e de autorregulação.
SUGESTÕES DE JOGOS DA MEMÓRIA:
(Essas sugestões você poderá baixar em PDF, na página de JOGOS ou clicando nas descrições)
E muitos outros pares...
SUGESTÕES DE VARIAÇÕES DO JOGO DA MEMÓRIA DE CARTAS:
(Essas sugestões de variações do jogo da memória de cartas você poderá baixar em PDF, na página de JOGOS ou clicando nas descrições o passo a passo de como confeccionar os jogos com sucata e outros materiais )
PASSO A PASSO: CONFECÇÃO DO JOGO DA MEMÓRIA AUDITIVO
CONCLUSÃO
O jogo da memória pode ser jogado com toda turma durante a aula, sendo um jogo coletivo em que todos ganham ou pode-se dividir a turma em grupos, ou também pode ser realizado em pequenos grupos, sugiro o máximo de quatro alunos por grupos.
O educador deve, também, brincar e participar das
brincadeiras, demonstrando não só o prazer de fazê-lo, mas estimulando as
crianças para tais ações. ( KISHIMOTO, 2011, p.20)
Kishimoto ( 2011,p.20) salienta ainda que o educador tem
que estar atento para auxiliar a criança, ensiná-la a utilizar o brinquedo e
somente depois ela estará apta a uma exploração livre .
A quantidade de cartas pode ser variada, porém muitas
cartas aumenta o desafio de memorizar a posição e as regras dos pares das
cartas, então num primeiro momento, para apresentar o jogo aos alunos é melhor
uma quantidade menor de cartas, sugiro dez cartas, ou seja, cinco pares.
Um jogo da memória com muitos participantes ou muitas
cartas torna-se cansativo e os alunos ficarão desmotivados. A organização de espaços adequados para estimular
brincadeiras constitui hoje uma das preocupações da maioria de educadores e
profissionais de instituições infantis.( KISHIMOTO, 2011, p.20)
Naturalmente, no ambiente escolar as funções executivas
são primordiais para que o estudante possa ter sucesso em todas as etapas de
sua educação. (COSENZA e GUERRA, 2011, p.91)
O benefício do jogo está na possibilidade de estimular a
exploração em busca de respostas, em não constranger quando se erra. (
KISHIMOTO, 2011, p.21)
O jogo é um ótimo recurso pedagógico
para desenvolver as funções executivas e estimular as habilidades cognitivas.
Gostou? Então, compartilhe!
Siga @teoriaepratica1 no Instagram. Lá tem dicas, unindo teoria e prática para aplicar na sua sala de aula.
BIBLIOGRAFIA
COSENZA,
Ramon M; GUERRA Leonor B. Neurociência e
educação : como o cérebro aprende - Porto Alegre : Artmed, 2011.
FONSECA,
Vitor . Papel das funções cognitivas, conativas e executivas na aprendizagem: uma
abordagem neuropsicopedagógica- Rev. Psicopedagogia 2014; 31(96): 236-53 -ARTIGO
ESPECIAL
KISHIMOTO,
Tízuko Morchida. O jogo e a educação
infantil - São Paulo: Cengage Learning, 2011.
0 Comentários