IDENTIDADE E PRÁTICAS DOCENTE: UM ESTUDO SOBRE O PERFIL DO PROFESSOR
INTRODUÇÃO
O papel do professor na sociedade contemporânea vai além da simples transmissão de
conteúdos, sendo essencial para a formação integral dos indivíduos e o
desenvolvimento de uma educação crítica e transformadora.
Com as mudanças sociais,
culturais e tecnológicas, o perfil do
professor tem passado por significativas transformações, exigindo cada vez
mais habilidades pedagógicas, reflexivas e humanas.
Diversos estudiosos da área
da educação têm contribuído para a construção e análise desse perfil,
destacando as competências necessárias para que o docente possa enfrentar os
desafios do ensino e promover uma aprendizagem
significativa.
Nesta pesquisa, são
apresentadas as concepções de quatro importantes pesquisadores da educação —
Paulo Freire, Antônio Nóvoa, José Carlos Libâneo, Maurice Tardif , José
Pacheco e Arthur Gomes de Morais — sobre o perfil do
professor.
As suas abordagens refletem
diferentes perspectivas sobre as funções, responsabilidades e habilidades que o
docente deve possuir para atuar de forma eficaz no ambiente educacional contemporâneo.
Por meio dessas visões, é
possível compreender a complexidade do trabalho docente e a necessidade de uma
formação contínua e integrada que responda às demandas atuais da educação.
O PERFIL DO PROFESSOR SEGUNDO PESQUISADORES DA EDUCAÇÃO
O perfil do professor tem
sido amplamente discutido em estudos educacionais, destacando as competências,
habilidades e atitudes necessárias para promover um ensino eficaz e
transformador. A seguir, são apresentadas as visões de seis pesquisadores
reconhecidos na área da educação.
1.
Paulo Freire
Para Freire (1996), o
professor deve ser um mediador do
conhecimento, respeitando a autonomia dos estudantes e promovendo o diálogo.
Ele defende que a educação deve ser libertadora e, para isso, o professor
precisa estar comprometido com a conscientização dos alunos e com a formação de
cidadãos críticos e participativos.
O papel do educador, segundo
Freire, não é o de transmitir conhecimento de forma mecânica, mas de promover
uma aprendizagem significativa.
“Ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua
construção.” (FREIRE, 1996, p. 25). Esse trecho enfatiza o
papel do professor como um mediador e facilitador do processo de aprendizagem,
em vez de um simples transmissor de conhecimento.
“O professor que pensa
certo, que trabalha certo, rejeita o discurso da incompetência dos alunos, a
não ser que seja para problematizá-lo, desafiando-os.” (FREIRE, 1996, p.
102). Aqui, Freire destaca a postura crítica e o papel do professor
em desafiar os alunos a
superarem as dificuldades.
Nóvoa (1995) ressalta a
importância da formação contínua dos
professores, apontando que o perfil do docente está em constante transformação
em virtude das mudanças sociais e tecnológicas.
Ele argumenta que os
professores devem desenvolver uma identidade profissional sólida, baseada em
uma prática reflexiva que permita a
adaptação às novas exigências educacionais.
Para Nóvoa, o
professor é um intelectual comprometido com a formação integral dos alunos.
“Não se nasce professor,
torna-se professor. E se torna professor, principalmente, na interação com seus
pares, nos processos de formação contínua que marcam a vida profissional.”
(NÓVOA, 1995, p. 25). Esse trecho define a importância da formação
contínua e a construção da identidade
profissional docente ao longo da carreira.
“O professor é um sujeito em
formação, em construção, e o seu espaço de ação e reflexão deve se constituir
como espaço de renovação.” (NÓVOA, 1995, p. 47). Nóvoa ressalta a
necessidade de o professor se renovar
e refletir continuamente sobre sua prática pedagógica.
Libâneo (2001) propõe que o
professor deve assumir o papel de gestor
da aprendizagem. Ele argumenta que o docente deve ser capaz de organizar o
ambiente escolar de forma a facilitar o desenvolvimento cognitivo dos alunos,
além de atuar como orientador na construção do conhecimento.
Segundo Libâneo, o professor
precisa possuir habilidades didático-pedagógicas e uma sólida formação teórica
para lidar com a diversidade de contextos
educacionais.
“O professor exerce uma função
mediadora entre o aluno e o conhecimento, organizando situações de aprendizagem
que propiciem ao aluno o desenvolvimento de capacidades e habilidades.”
(LIBÂNEO, 2001, p. 32). Libâneo caracteriza o professor como um gestor da
aprendizagem, responsável pela criação de condições
favoráveis ao aprendizado.
"O professor precisa
ser ao mesmo tempo um orientador, alguém que auxilia o aluno na construção do
conhecimento e também um estrategista, capaz de adequar as diferentes
metodologias ao contexto da sala de aula." (LIBÂNEO, 2001, p. 60).Aqui, Libâneo destaca
o papel estratégico do
professor na condução da aprendizagem.
Tardif (2000) analisa o
trabalho docente sob a ótica das condições
de trabalho e saberes profissionais. Ele defende que o professor
deve ser um profissional que domina tanto o conhecimento científico quanto os
saberes pedagógicos, mas que, acima de tudo, precisa estar atento às suas
condições de trabalho, que impactam diretamente na qualidade da educação.
Para Tardif, o perfil do
professor ideal envolve não só a competência técnica, mas também a capacidade de lidar com as realidades e
desafios da prática educativa.
“O trabalho docente depende
essencialmente do uso de uma pluralidade
de saberes e, portanto, da capacidade do professor em articular esses
saberes no exercício de sua profissão.” (TARDIF, 2000, p. 34). Tardif
descreve o professor como alguém que domina
diversos saberes e os integra na prática pedagógica.
"O professor é um
profissional que precisa dominar saberes práticos, pedagógicos e relacionais,
além do conhecimento específico de sua área." (TARDIF, 2000, p. 45). Esse
trecho destaca as múltiplas
competências que o professor deve possuir para exercer sua função.
5. José Pacheco
Pacheco (2013), idealizador da
Escola da Ponte em Portugal, propõe uma visão inovadora do papel do professor,
defendendo que o docente deve atuar como um facilitador da aprendizagem e não como o centro do processo
educativo. Ele acredita que o professor deve promover a autonomia dos alunos, incentivando-os a serem protagonistas de seu
próprio aprendizado.
Pacheco destaca a
importância de práticas pedagógicas
colaborativas e o rompimento com os modelos tradicionais de ensino.
“O professor não pode ser o
centro do processo educativo, deve ser um facilitador que coloca o aluno no
centro da aprendizagem, promovendo sua autonomia.” (PACHECO, 2013, p.
18). Pacheco defende a mudança de paradigma em que o professor passa de
transmissor de conteúdos para facilitador
da aprendizagem.
“Para que haja transformação
na educação, o professor precisa ser o primeiro a transformar suas práticas,
abandonando modelos rígidos e promovendo um ensino mais colaborativo e participativo.” (PACHECO, 2013, p.
42). Já nesse trecho, ele enfatiza a importância da inovação e da prática reflexiva para o
desenvolvimento do ensino.
Morais (2012) concentra suas
pesquisas na alfabetização e letramento, enfatizando que o professor
precisa desenvolver estratégias
pedagógicas que levem em conta as especificidades do processo de
aquisição da leitura e escrita.
Para Morais, o professor
alfabetizador deve estar preparado para compreender e adaptar seu ensino às dificuldades individuais dos alunos,
promovendo uma aprendizagem
significativa e eficaz. Ele defende a formação continuada e o domínio dos
conhecimentos sobre linguística e psicologia do desenvolvimento como
fundamentais para o perfil do professor alfabetizador.
“O professor alfabetizador
precisa ser capaz de interpretar as
dificuldades dos alunos e, a partir disso, construir estratégias
pedagógicas eficazes.” (MORAIS, 2012, p. 65). Morais destaca a importância
do professor entender as especificidades de cada aluno no processo de
alfabetização.
“A formação do professor
alfabetizador deve envolver conhecimentos sólidos sobre linguística e
psicologia do desenvolvimento, para que ele possa adaptar seu ensino às
necessidades dos alunos.” (MORAIS, 2012, p. 89). Esse trecho reforça a
necessidade de uma formação
especializada e contínua para o professor alfabetizador.
CONCLUSÃO
As diferentes visões de
Paulo Freire, Antônio Nóvoa, José Carlos Libâneo, Maurice Tardif, José Pacheco
e Arthur Gomes de Morais sobre o perfil do professor revelam a complexidade da profissão docente. Cada
autor traz contribuições importantes, que vão desde a prática reflexiva
até a inovação pedagógica e a promoção da autonomia dos alunos.
Esses pesquisadores
enfatizam que o professor contemporâneo precisa ser um mediador
e facilitador do conhecimento, com uma sólida formação teórica e prática, capaz de enfrentar os desafios de um contexto educacional em constante mudança.
A educação significativa exige professores preparados para adaptar-se
às novas demandas, comprometidos com a formação
crítica e integral dos estudantes.
Ainda de acordo com os
pesquisadores o professor deve ser mais do que um transmissor de conhecimento:
ele precisa ser um mediador, um gestor da aprendizagem, um reflexivo constante sobre sua
prática e um profissional que lida com as condições reais do ambiente escolar.
Unindo teoria e pratica constata-se, que
o sucesso da educação depende
não apenas das competências técnicas do professor, mas também de
sua capacidade de engajar-se em
um processo contínuo de formação e adaptação às novas demandas. Além
disso, a promoção de uma educação crítica e emancipatória requer um professor
que esteja comprometido com a transformação social e com o desenvolvimento
pleno de seus alunos.
O perfil do professor é dinâmico, e de acordo com sua jornada de
trabalho ele vai se moldando e ao mesmo tempo é um intelectual, um pedagogo e
um agente de mudanças, capaz de enfrentar os desafios contemporâneos da
educação com uma postura crítica, ética e colaborativa.
Portanto, a profissão necessita que o docente seja um agente de
transformação social, sempre em busca de práticas
pedagógicas inovadoras que atendam às necessidades dos alunos e da
sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários
à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 2001.
MORAIS, Arthur Gomes
de. Letramento e alfabetização:
práticas e reflexões. Recife: EdUFPE, 2012.
NÓVOA, Antônio. Os professores e sua formação. Lisboa:
Dom Quixote, 1995.
PACHECO, José. Caminhos para a transformação da escola.
Porto Alegre: Artmed, 2013.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional.
Petrópolis: Vozes, 2000.
Gostou? Então, compartilhe!
Siga @teoriaepratica1 no
Instagram. Lá tem dicas, unindo teoria e prática para aplicar na sua sala de
aula.



Comentários
Postar um comentário