INTRODUÇÃO
O ensino baseado em competências tem ganhado destaque nas
discussões educacionais contemporâneas, especialmente com a implementação de
diretrizes como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Em Educação o conceito de
competência tem surgido como alternativa a capacidade, habilidade, aptidão,
potencialidade, conhecimento ou savoir-faire.(
DIAS, 2010)
Esse modelo de ensino se diferencia do tradicional ao
focar no desenvolvimento de habilidades específicas que preparam os alunos para
enfrentar desafios do mundo real, colocando o estudante no centro do processo
de aprendizagem.
O ensino baseado em competências promove
o desenvolvimento de uma formação crítica, criativa e reflexiva nos alunos,
capacitando-os a enfrentar desafios complexos em diferentes contextos, como no
ambiente profissional e em situações do dia a dia.
A ideia é formar alunos que possam aprender de forma
contínua ao longo da vida, o que está em sintonia com as demandas da sociedade
atual, que valoriza a flexibilidade e a capacidade de adaptação.
Esse enfoque requer uma transformação importante no papel
do professor, que deixa de ser um mero transmissor de conhecimento para se
tornar um facilitador do processo de aprendizagem.
Embora essa transição possa ser desafiadora, ela
proporciona a vantagem de criar um ambiente de aprendizado mais adequado às
necessidades do século XXI.
No século XXI, o ensino deve priorizar o desenvolvimento
de competências que capacitem os alunos a enfrentar desafios em um mundo
dinâmico e em constante transformação.
O Ministério da Educação (MEC), por meio da Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), destaca diversas competências essenciais que devem ser
promovidas ao longo do processo educativo. Essas competências são organizadas
em torno de habilidades cognitivas, socioemocionais e tecnológicas, que
permitem aos alunos não apenas adquirir conhecimento, mas também aplicá-lo de
forma crítica e inovadora.
É a competência que permite ao sujeito aprendente enfrentar e regular adequadamente um conjunto de tarefas e de situações educativas.( DIAS, 2010)
Competências Essenciais Segundo a BNCC
As competências gerais da Educação Básica estão interligadas e se desdobram no planejamento didático das três
etapas da Educação. Elas se articulam na construção de conhecimentos, no
desenvolvimento de habilidades e na formação de atitudes e valores, conforme
estabelecido pela Lei de Diretrizes e Bases. (BRASIL, 2018)
Na BNCC, a competência é
descrita como a capacidade de mobilizar conhecimentos (conceitos e
procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes
e valores para enfrentar desafios complexos da vida cotidiana, exercer
plenamente a cidadania e atuar no mundo do trabalho. (BRASIL, 2018)
A BNCC estabelece 10 competências gerais que devem ser desenvolvidas
ao longo da educação básica no Brasil. Essas competências são desenhadas para
formar cidadãos críticos, autônomos e preparados para os desafios da vida
contemporânea:
1. Conhecimento: Envolve dominar diferentes áreas do saber, utilizando-as de forma crítica e
criativa para entender e transformar a realidade. O conhecimento deve ir além
da memorização de conteúdos, incentivando a compreensão profunda e a aplicação
prática. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos. (BRASIL, 2018)
2. Pensamento Científico, Crítico e Criativo: Estimular a curiosidade científica e o pensamento
crítico, incentivando os alunos a formular hipóteses, solucionar problemas
e criar soluções inovadoras. Exercitar a curiosidade intelectual. (BRASIL, 2018)
3. Repertório Cultural: Ampliar o contato com manifestações culturais diversas, valorizando a
pluralidade cultural e estimulando o respeito às diferenças. Valorizar e
fruir as diversas manifestações artísticas e culturais. (BRASIL, 2018)
4. Comunicação: Desenvolver a capacidade de expressar-se em diferentes linguagens (oral, escrita,
digital) e meios de comunicação, de forma clara, coesa e adequada aos contextos
sociais. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como
Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital. (BRASIL, 2018)
5. Cultura Digital: Ensinar os alunos a utilizar e criar tecnologias digitais de
maneira crítica e responsável, desenvolvendo habilidades que vão desde o
uso básico até a criação de soluções tecnológicas. Compreender, utilizar e criar
tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica,
significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais. (BRASIL, 2018)
6. Trabalho e Projeto de Vida: A educação deve promover a
construção de projetos de vida que integrem
realização pessoal, formação acadêmica e carreira profissional. Além disso,
deve preparar o aluno para atuar de maneira colaborativa no ambiente de
trabalho. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais. (BRASIL, 2018)
7. Argumentação: Estimular a construção de argumentos consistentes e a capacidade de defender
ideias com base em dados e informações confiáveis, promovendo o diálogo e o
respeito ao contraditório. Argumentar com base em fatos, dados e informações
confiáveis. (BRASIL, 2018)
8. Autoconhecimento e Autocuidado: Desenvolver a
capacidade de lidar com emoções, limites
e responsabilidades, promovendo o bem-estar físico e mental dos alunos. Conhecer-se,
apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional(BRASIL, 2018)
9. Empatia e Cooperação: Ensinar a importância da empatia, da colaboração e do trabalho em equipe,
preparando o aluno para agir com responsabilidade social e ambiental. Exercitar
a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação. (BRASIL, 2018)
10. Responsabilidade e Cidadania: Promover a formação de indivíduos comprometidos com os
princípios democráticos, os direitos humanos e a sustentabilidade. Agir pessoal e coletivamente com autonomia,
responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação(BRASIL, 2018)
Competências Socioemocionais
A educação do século XXI também deve enfatizar as
competências socioemocionais, que são fundamentais para o sucesso no ambiente
escolar e na vida profissional. Essas habilidades, que englobam resiliência, empatia, comunicação eficaz e
inteligência emocional, capacitam os estudantes a enfrentar desafios
interpessoais e profissionais de forma eficiente.
Competências Tecnológicas e de Adaptabilidade
Em um mundo onde a tecnologia avança rapidamente, é
importante que os alunos desenvolvam competências digitais. Isso inclui desde o
uso básico de ferramentas tecnológicas até a capacidade de inovar em ambientes
digitais e a adaptação a novas ferramentas que surgem constantemente.
Desafios na Implementação
Para alcançar essas metas, o sistema educacional enfrenta
desafios como a capacitação de professores, a desigualdade no acesso a
tecnologias e a necessidade de currículos flexíveis que atendam às realidades
regionais e locais. Além disso, a combinação de competências cognitivas e
socioemocionais demanda transformações significativas no planejamento
pedagógico e na atuação dos professores.
ATIVIDADES PRÁTICAS
O ensino baseado em competências exige a aplicação de
atividades que promovam a integração entre teoria e prática, incentivando os
alunos a desenvolver habilidades que poderão ser utilizadas em diferentes
contextos. Abaixo estão 10 atividades práticas para aplicar essa abordagem:
Desenvolver projetos que integrem diferentes disciplinas.
Por exemplo, um projeto de sustentabilidade pode envolver biologia, matemática,
e geografia, promovendo o pensamento crítico e a resolução de problemas
ambientais. Os alunos aplicam conhecimentos em um contexto real e colaborativo,
desenvolvendo também habilidades de trabalho em equipe.
2. Estudos de Caso
Apresentar situações do cotidiano ou do mercado de
trabalho para que os alunos analisem, proponham soluções e discutam
implicações. Esta prática ajuda no desenvolvimento de competências analíticas,
de argumentação e de resolução de problemas.
3. Simulações e Role Play
Criar simulações de situações reais, como entrevistas de
emprego, negociações comerciais ou simulações de julgamentos. Esse tipo de
atividade desenvolve competências como comunicação, empatia, cooperação e
adaptação a diferentes contextos.
4. Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL)
Os alunos são expostos a problemas complexos e reais, e
precisam resolver essas questões através de pesquisa e trabalho colaborativo. O
PBL incentiva o pensamento crítico, a capacidade de inovação e a aplicação de
conhecimentos teóricos na prática.
5. Jornal de Reflexão
Incentivar os alunos a manter um diário de reflexões
sobre as atividades realizadas, focando em seus aprendizados, desafios e
habilidades desenvolvidas. Essa prática estimula a autoavaliação e o
autoconhecimento, competências essenciais para o desenvolvimento pessoal.
6. Hackathons e Maratonas de Programação
Organizar competições de programação ou resolução de
desafios tecnológicos em grupo. Além de incentivar o desenvolvimento de
competências tecnológicas, essa atividade promove habilidades de trabalho em
equipe, criatividade e pensamento inovador.
7. Projetos de Serviço Comunitário
Incentivar os alunos a participar de projetos de impacto
social, como campanhas de conscientização ou ações de voluntariado. Essas
atividades desenvolvem competências como empatia, cidadania e responsabilidade
social.
8. Oficinas de Habilidades Socioemocionais
Organizar oficinas para desenvolver inteligência
emocional, habilidades de liderança e trabalho em equipe. Jogos cooperativos e
dinâmicas de grupo podem ser ferramentas eficazes para promover empatia, resiliência
e comunicação assertiva.
9. Desafios Maker e DIY (Do it Yourself)
Propor desafios que incentivem os alunos a construir,
programar ou desenvolver algo concreto, como um protótipo ou um experimento
científico. Essa prática desenvolve competências como criatividade, resolução
de problemas e pensamento crítico.
10. Debates e Discussões Mediadas
Fomentar discussões sobre assuntos contemporâneos, como
questões ambientais e sociais, contribui para o desenvolvimento de habilidades
de argumentação, comunicação, pensamento crítico e respeito por diversas
opiniões.
ATIVIDADES GRÁFICAS
Aqui estão 5 sugestões de atividades gráficas que podem ser aplicadas no ensino baseado em
competências:
1. Mapas Mentais
Os alunos podem criar mapas mentais para organizar e
conectar ideias de forma visual. A atividade permite explorar temas complexos e
promover o pensamento crítico e criativo,
além de auxiliar na síntese e organização de informações. Pode ser aplicada em
qualquer disciplina, estimulando a compreensão holística e interligada dos
conteúdos.
2. Infográficos
Produzir infográficos incentiva os alunos a transformar
informações complexas em representações visuais. Eles podem trabalhar com
dados, gráficos, imagens e textos curtos para explicar temas diversos,
promovendo competências de comunicação
visual, síntese e alfabetização digital. Essa atividade também desenvolve a
capacidade de criar conteúdo relevante para diferentes audiências.
3. Storyboard (Roteiro Visual)
Os alunos podem criar storyboards para planejar e contar
histórias visuais, seja de eventos históricos, experimentos científicos ou
situações sociais. Essa atividade desenvolve habilidades como criatividade, comunicação, planejamento e
pensamento crítico, além de permitir que os alunos demonstrem sua
compreensão de uma sequência de eventos de maneira estruturada.
4. Gráficos e Tabelas Interativos
Atividades que envolvem a criação de gráficos e tabelas,
usando dados coletados pelos alunos, são eficazes para desenvolver competências
de pensamento analítico, científico e resolução
de problemas. Os alunos podem usar programas como Excel, Google Sheets ou
ferramentas digitais para criar gráficos interativos que mostrem os resultados
de suas pesquisas ou experimentos.
5. Quadrinhos Educativos
A criação de quadrinhos oferece aos alunos uma maneira visual e simplificada de representar conceitos complexos. Eles podem desenvolver tiras ou páginas completas para ilustrar temas científicos, históricos ou dilemas sociais. Essa atividade promove o desenvolvimento de habilidades como criatividade, comunicação e trabalho colaborativo, além de facilitar a compreensão de ideias abstratas por meio de representações gráficas.
CONCLUSÃO
O ensino baseado em competências e as metodologias ativas
estão intrinsecamente ligados, pois ambos colocam o estudante no centro do
processo de aprendizagem, promovendo o protagonismo e a autonomia. De acordo
com a BNCC (BRASIL, 2018), durante
a Educação Básica, as aprendizagens fundamentais estabelecidas pela BNCC devem
contribuir para garantir aos alunos o desenvolvimento de dez competências
gerais, que concretizam, no campo pedagógico, os direitos de aprendizagem e
desenvolvimento.
As metodologias ativas, como a Aprendizagem Baseada em
Problemas (PBL), Estudos de Caso, Projetos Interdisciplinares e Gamificação,
contribuem para o desenvolvimento das competências essenciais do século XXI,
incluindo o pensamento crítico, a resolução de problemas e a comunicação
eficiente. Essas abordagens incentivam o aprendizado ativo, onde os alunos
aplicam seus conhecimentos em situações reais e desafiadoras.
Em situação de
ensino/aprendizagem, o indivíduo aprende a identificar e a descobrir
conhecimentos, a mobilizá-los de forma contextualizada.( DIAS,
2010)
Essas metodologias criam ambientes de aprendizado
interativos e práticos, onde os alunos aplicam o conhecimento em situações
reais, o que reforça o conceito de competência como a capacidade de usar
habilidades em contextos diversos.
Além disso, o uso de ferramentas digitais e visuais, como
as sugeridas atividades gráficas (mapas mentais, infográficos, storyboards),
integra-se perfeitamente ao ensino baseado em competências, desenvolvendo a
alfabetização digital e o pensamento visual.
Ao integrar o ensino baseado em competências com metodologias ativas, as escolas proporcionam uma aprendizagem mais envolvente e relevante, preparando os alunos para serem cidadãos críticos, autônomos e com a capacidade de se adaptar continuamente às rápidas transformações da sociedade e do mercado de trabalho.
BRASIL. Ministério da
Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
DIAS, I. S.. Competências em educação: conceito e
significado pedagógico. Psicologia Escolar e Educacional, v. 14, n. 1, p.
73–78, jan. 2010.
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